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terça-feira, 30 de novembro de 2010

Oyá - Iansã

Eparrei bela Oyá...

Senhora dos ventos e relâmpagos, da fúria e da brandura do céu...
Dona do movimento, progenitora da vida da terra, senhora do fogo...
Destemida guerreira que faz justiça no resplandecer de seus relâmpagos...

Eparrei bela Oyá...
Oyá é a mais incisiva das iabás, pois tem seus domínios sobre quase, senão todos, os domínios masculinos, levando consigo instrumentos de muitos orixás homens. Divide esse posto de orixá essencialmente guerreira com Obá, mas de forma muito peculiar conseguiu seus muitos dons.
Não tem tempo pra achar, pensar ou avaliar, é movida apenas pelo que sente, como o vento, quando viu já passou . Oyá são os sentimentos em seu climax,  é uma tempestade de desejos e vontades, uma infinidade de possibilidades, e as é a todo o momento, daí sua mobilidade, seu movimento constante. 
Inquieta e cheia de si tem noção do que pode e é capaz de tudo por amor, até mesmo de dar sua vida se necessário.
Rainha das nuvens de chumbo, sob a baia de sua saia os ventos circulam no céu e com um giro é capaz de criar um furacão. Dança sobre as nuvens tempestuosas bradando sua espada na direção dos relâmpagos que se curvam diante sua presença, se retorcendo de forma a iluminar toda a extensão do céu. 

Tida como a guerreira justiceira, vem a terra sempre bradando sua espada numa mão e na outra seu eruexim ( instrumento de metal com rabo de cavalo na ponta usado por uma qualidade de iansã para espantar eguns), leva consigo também o chifre de búfalo e em algumas qualidades o pilão, instrumentos conseguidos por suas muitas aventuras.

Desprendida de tudo que é material, apesar de impulsiva, valoriza imensamente o que se é, e não o que se tem, é a prova de que a superação é possível por uma causa maior, seja você  quem for...


`•.¸.•´ * *. * . * .Lendas de Oyá `•.¸.•´ * *. * . * .
  • Iansã conhece Ogum.
Oyá sempre foi um espírito livre e aventureiro, e como tal vivia dentre os pastos, nas florestas, sua morada era o céu e sua companhia as estrelas e para viver assim se transformava num búfalo, graças a uma pele encantada que conseguiu quando viveu com Odé; Como de costume toda manhã, foi se banhar no rio e para isso pendurou a pele em um galho de árvore.  Estava a saborear o frescor das águas quando sem perceber era espionada por um homem bem armado e de armadura reluzente, era Ogum, o senhor da forja, do aço, da guerra. Foi amor a primeira vista, esse estrategista, logo bolou um jeito de capturar o amor da bela mulher. Tinha visto ela tirar a pele, então, a escondeu e ficou a esperar. Acabou seu banho, mas não achou sua camuflagem, quando da de cara com o homem que segue a admira-la encostado em uma árvore com o que ela tanto procurava em uma das mãos.

Quiz de volta, mas não teve conversa, Ogum só daria de volta a pele se ela se casasse com ele. Naquele momento um sentimento arrebatador tomou iansã e ela aceitou o pedido inusitado passando a viver com o guerreiro.

  • Iansã e Oxaguiã
Já vivendo com Ogum, iansã sempre foi de muita disposição, que seu marido tratava de cuidar muito bem, mas em uma época de guerras Ogum forjava armas para o exército de Oxaguiã que fora um dia visitar seu grande amigo e acabou por conhecer sua bela esposa.

A sintonia entre Oyá e Oxaguiã é imediata e a troca de olhares fica irresistível, tendo os dois um caso rápido, pois o orixá precisava voltar para sua guerra e o amor de iansã por Ogum foi mais forte, fazendo-a ficar. Contudo o tempo que ficaram juntos, iansã aprendeu a mexer com o pilão que Oxaguiã tinha como fundamento.





  •  Iansã Abandona Ogum por Amor a Xangô
A rixa entre os dois orixás, Ogum e Xangô é conhecida por todos os entendidos de santo. Mas daonde surgiu essa rixa? Sim, a bela Oyá.Ogum sempre fora deslumbrado pela figura de Oyá, mulher vigorosa e cheia de si, cheia de atributos morais , digna de um grande amor.

Xangô um dia foi procurar Ogum para uma encomenda de armas para guerra. Foi recebido hospitaleiramente pelo guerreiro que apresenta sua bela esposa. Xangô encara Oyá de forma insistente durante os dias que ficou hospedado esperando sua encomenda. Iansã cada vez mais envolvidas pelos cortejos desferidos, recebeu um pedido; Xangô pedira que fizesse um amalá para ele, pois a muito tempo não o faziam e assim ela fez. Na hora de comer, esse, sem ela ver coloca uma poção mágica e a chama para dividir a iguaria com ele. Os dois se banqueteavam quando Oyá começou a falar e soltar fogo pela boca para o desespero dela, até perceber que o orixá havia dividido o seu poder com ela.

Foi amor a primeira vista, Xangô confabulou para que os dois fugissem ao anoitecer para o seu reino, quando Ogum já tivesse dormindo e assim fizeram. Esperaram o meio da noite e partiram. Ao amanhecer Ogum não encontrou Oyá nem Xangô e foi procura-los pela cidade, quando soube que haviam partido ainda no escurecer.

Ogum tomado de Ódio partiu a galopadas atrás dos amantes. Foram alguns dias e algumas noites quando finalmente os encontra , estão abraçados, dormindo, Seu amor pela ex-mulher fala mais forte então levanta sua espada contra Xangô, o mataria dormindo, ele nem perceberia, se o instinto aguçado de iansã não a fizesse acordar e se jogar na frente da lamina se dividindo em nove.

As nove qualidades de Oyá.

  • Oyá espalha os feitiços de Ossanha
Todos os orixás para fazer magia precisavam da ajuda de Ossanha, o orixá do axé, aquele que tem poder sobre o sangue negro, a força das folhas, precisavam desse poder.

Xangô sabia que Ossanha guardava os feitiços nas cabaças no alto de uma árvore, não se sabia que árvore era, mas o senhor da justiça queria o poder dessas folhas e pediu a sua apaixonada esposa que criasse um vendaval tão poderoso capaz de desfolhar todas as árvores e espalhar as folhas e as cabaças para que todos os orixás pudessem ter esse poder.

Oyá obedece seu senhor e cria um vendaval gigantesco, sacode seus braços espalhando os ventos em todas as direções da floresta passando por aldeias, destelhando as casas dos seus filhos e espantando a caça. Consegue por fim derrubar as folhas e as cabaças de ossanha, cada orixá pega uma folha mas não têm o axé necessário, continuando dependendo do orixá das folhas.

No final não serviu de nada. Iansã havia conseguido o ressentimento de seus filhos que apesar de a salvar , tiveram suas casas destruídas pela própria mãe. Arrependida ajudou-os a reconstruir, evitando que a chuva atrapalhasse e pedindo perdão a eles, fazendo todos a adimira-la novamente.


  • Oyá consegue o poder do relâmpago pra salvar Xangô.
Xangô estava muito doente, Iansã, Obá e Oxum estavam muito preocupadas. Oyá foi até um babalaô que avisou que só uma poção que estaria do outro lado do mundo poderia salvalo, mas mesmo ela indo nos ventos não chegaria a tempo, pois na sua frente encontraria montanhas e serras que a deteriam.

Oyá não pensou duas vezes, saiu pelos ventos e chegou até o lugar marcado, mas sabia que não conseguiria voltar a tempo. O babalaô tinha dito também que não poderia abrir o embrulho; Ela abriu e bebeu um pouco da poção e se transformou num relâmpago que atravessou todo o céu chegando a tempo de levando o fogo na boca salvar Xangô da morte.


  • Oyá consegue o domínio sobre os mortos.
Iansã passou pelo domínios de todos os orixás pedindo que esses a ensinassem algumas de suas artes e pra isso até se deitaria com eles. Não, não veja isso como algo infame, uma mulher independente tem que fazer o que tem que fazer, e assim era iansã. Ela queria o conhecimento e procurou-o, conseguindo alguns fundamentos de muitos orixás como : Ogum, que a ensinou a usar a espada, Xangô , que deu o poder sobre o relâmpago, Oxóssi, que a ensinou a caçar e se camuflar nas matas, Oxaguiã, que a ensinou a usar o pilão , mas ao chegar até o reino de Obaluaiê , o rei da Terra.

Oyá o implorou que a ensinasse algo, mas ele se recusou. Ela ofereceu uma noite, mas ele recusou. Ela então dançou a dança dos sete ventos, cruzou os sete pontos do mundo dançando em sua ventania, mas nada. Se ajoelhou e pediu humildemente e Atotô aceitou, encarregou ela ( Oyá igbalé) de com o eruexim ( instrumento feito de metal e rabo de cavalo) de guiar as almas desencarnadas  ( Eguns) para o mundo espiritual. 



  • Iansã mostra pros orixás que Obaluaiê é lindo.
Oxalá promoveu uma festa para todos os orixás, até exú foi convidado e fez questão de garantir a presença. No augi da festa todos os orixás dançavam, mas no canto estava obaluaiê sentado cabisbaixo. Todas as iabas o ignoravam por que achavam que era feio por ter nascido com chagas. Oyá vendo o orixá triste começou a rodar, despertando a atenção dos outros orixás, pegou a mão de Obaluaié e começou a dançar em volta dele fazendo a palha da costa levantar com a ventania e todos verem o quanto belo e vigoroso era o senhor da Terra.


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Os filhos desse orixá tem em si a força e o temperamento guerreiro, são de personalidade forte e marcante, muitas vezes impulsivas, mas movidas principalmente pelo que sentem achar certo, com total desapego a coisas materiais ou situações, são espíritos livres, de humor instável mas alegria constante.


Seu dia é 04 de dezembro e sua cor é o vermelho e em algumas qualidades o branco e é sincretizada como Santa bárbara.


Axé!

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